Eu tenho quase trinta anos.
Lembro-me bem da sensação de não querer fazer dezoito anos, minha idade preferida era dezenove.
Não sei explicar, não se tratava de numerologia, mas dezenove me soava melhor, como o primeiro ano da minha maturidade presumida proporcionada por completar os tão sonhados dezoito anos.
Depois, vinte e cinco era a minha meta. Ah... meus vinte e cinco anos! Há três já quase passados.
Mas agora a minha idade não é a que completarei em poucos dias. Ela não é mais representadas por números e sim por uma expressão: “quase trinta”.
Minha mãe quer me dar uma bronca e... “Você tem quase trinta anos”.
Minhas amigas querem justificar maturidade e ... “Mas você já tem quase trinta”.
Outro dia fui pega em flagrante por mim mesma no “Imagina! Já passei dessa idade faz tempo! Tenho quase trinta!”. Meu Deus!!
Ainda não tenho a neura (embora não pareça através deste texto) dos famigerados trinta anos, tampouco, sinto-me uma pré-balzaquiana assumida, mas a idade XXX está bem próxima.
Não me sinto assim. Acho que demorei para virar adolescente e corri demais para virar adulta. Isso fez uma bagunça geral na cronologia psicológica desta pessoa que vos escreve. Assim não me sinto tão adulta nem adolescente, sou uma ‘adulcente’.
Sinto ainda, que muitas coisas que sinto não tem mais sentido em sentir, porque só se justificaria com a idade pueril, e há muitas coisas que eu vou fazer ou sentir que não justificaria serem feitas por pessoas que não tem quase trinta.
Em quase trinta anos, não viajei o quanto gostaria, não me empreguei onde queria, não beijei todos que queria, não me apaixonei tanto quanto qualquer adolescente, mas amei bastante, fiz grandes amigos, adquiri experiências insubstituíveis, ajudei muita gente sem esperar retorno, abracei muitas causas, comprei muitas brigas, aprendi mais sobre a vida do que muitos sessentinhas que existem por aí.
E mais, num balanço geral, minhas recordações felizes se sobrepõem as tristes, dessas últimas guardo nada mais, nada menos do que lições, talvez isso seja um sinal de uma maturidade alcançada com meus quase trinta.
Aguardo meus queridos 3.0 com muita alegria, neura e sarro! Afinal, com quase trinta anos o colágeno já não é o mesmo e as rugas de expressão a serem cultivadas tem de ser: bigodes chineses e pés de galinhas para provar que na vida mais sorri do que chorei!