sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Sem promessas

É fato, com o ano novo chegando fazemos inúmeras promessas. Aqueles que fumam prometem parar, os que brigaram comprometem-se com um entusiasmo desencorajado a reconciliação, os gordinhos prometem não fugir do regime. Os ansiosos a calma, os preguiçosos a garra. Os acomodados a virada de mesa.

Prometemos mais envolvimento em questões sociais, o respeito pelo vizinho chato, a paciência com a tia pentelha, sem contar as promessas blasés do tipo, amar mais, ser mais saudável, ser mais tranquilo, mas dedicado, guardar dinheiro, fazer viagens.

Escolhemos roupas novas, calcinhas e cuecas coloridas, sapato combinando etc. Tudo isso para se preparar para a nova jornada de 365 dias que se inicia.

É como se o Papa Gregório no início do século XIV, tivesse sentido a necessidade do ser-humano em se renovar.

O engraçado disso tudo, enfim, de toda essa preparação para recepcionar o próximo ano está no alívio pelo cansaço do ano anterior e um novo fôlego para tudo novo de novo. Enganamos-nos por um dia que apertaremos o botão de restart e tudo será diferente.

Repetimos ano a ano todas as promessas, que sinceramente, cá entre nós, esquecemos nas primeiras semanas seguintes aos pulos às sete ondas. Acredito que Deus e até mesmo Iemanjá já tenham desistido de acreditar nas promessas lançadas.

Independente de tudo isso, renovação é o grande segredo da continuidade da vida. Não parar nos obstáculos impostos pelo destino é o que traz um ano de grandes realizações. Continuaremos prometendo, escolhendo roupas, brindando com os olhos cheios de lágrimas, mas o grande segredo de tudo é nunca desistir e sempre acreditar.

Seu emprego está ruim, renove-se.

Seu relacionamento terminou, renove-se.

Seus familiares estão descontentes, renove-se.

Supere-se! Somente assim você conseguirá mudar aquilo que você tanto deseja.

Agradeço infinitamente o ano horrível que eu tive e as coisas medonhas pelas quais passei. Sem elas nunca poderia dar valor às inúmeras coisas boas que me acontecem todo dia. Não poderia dar valor aos amigos que fiz e aos que já tinha.

Agradeço a alegria de abrir os olhos todas as manhãs e poder enxergar se o dia está ensolarado ou chuvoso.

Agradeço por poder ouvir, afinal só dessa forma consigo ouvir as besteiras dos meus amigos e os conselhos e broncas da minha mãe.

Agradeço poder andar, ter mãos e braços para abraçar.

E acima de tudo, agradeço ter minha cabeça sã, embora muitas vezes duvidem disso, o que deixa minha vida bem divertida ao ver os que me rodeiam rindo bastante.

Agradeço também pela família que tenho, onde aprendo com cada integrante um pouco a cada dia.

Este ano não escolherei roupas novas, não me comprometerei com nenhuma promessa falida ab initio. Este ano serei apenas eu, o céu colorido pelos fogos, os champagnes e brindes. Garantirei o amor que eu sempre tive pelos meus, a consideração, respeito e, claro, muito pensamento positivo por todos nós, como de praxe.

Feliz Ano Novo, que venha o que Deus quiser em dois mil e onze.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Aos insossos a sorte alheia




Certa vez escutei de uma amiga "existem pessoas que tem o dom de aflorar em você o seu pior lado". Nunca havia pensado nisso, mas é uma realidade.
Todos trazemos dentro de nós o lado bom e o lado ruim. O que difere os bons dos maus é exatamente o que fazemos com esses dois lados.
Já disse que o insosso da vida é ficar em cima do muro, mas descobri que as pessoas, a maioria delas, geralmente as que não possuem caráter são as que se posicionam em tal lugar.
Caráter está exatamente associado ao tipo de escolha que você faz, ou seja, você opta por um posicionamento – não que este tenha que ser imutável ou não maleável, mas é um posicionamento.
Dentro da escolha entre o que é bom e mal, temos as consequências disso.
Em outra oportunidade, uma amiga que eu gosto muito disse-me “podemos o que quisermos, fazemos as nossas escolhas, quaisquer que sejam elas, o único detalhe está na pergunta que devemos fazer a nós mesmos, que nada mais é se conseguiremos arcar com as consequências dessa escolha”. Tendo isso, pergunto-me, será que as pessoas sabem disso?
A vida é sim uma roda bem gigante, e a Lei da Ação e Reação vale para todos indubtávelmente.
Lamento muito por aqueles que ao viverem em cima do muro não se enxergam como marionetes, eles são osciosamente levados às consequências que serão geradas por aqueles que, embora não vivam em cima do muro, preferem viver do lado “dark” do muro.
Pergunto-me de novo, quão alto é esse muro para que os resultados não resvalem neles. Não importa, certo? Se não são capazes de perceber as conseqüências do “prefiro não me comprometer” não são capazes de identificar a medida da fita métrica que vai do chão ao topo do muro.
Sinto muito por vocês, queridos joguetes da sorte alheia.
Eu, contudo, consigo ainda optar por mim. Não vivo em cima do muro e o famoso social faço apenas ao receber AMIGOS em meu círculo de amizades (sem esforço porque amo todos eles). Para os insossos, pergunto: “Tens amigos verdadeiros?” (tenho vontade de rir; já conheço a resposta). Minhas atitudes são só minhas, e as consequências idem. Pergunto novamente: e a de vocês, queridos empuleirados?
Enfim, sempre optei pelo lado da verdade, doesse a quem viesse a doer. Doeu, garanto, muito mais em mim, muitas vezes, mas a dor não era na consciência, meu travesseiro não é esmagado pelo peso dos meus pensamentos. Outra pergunta: e o de vocês queridos brinquedos do acaso?
Sinto muito por vocês. Sinto por mim também em achar que para aqueles que escolheram o lado ruim caberia um pingo de consciência boa.
Lamento ainda, pela perda de vocês, pois eu me retiro desse palco onde as encenações são pobres de inteligência e ricas em soberba, arrogância e imoralidade.
(cortinas fecham e luzes se apagam)